Projeto Urubus do Brasil: Birdwatching na Ferrovia Real-MG

Birdwatching in Royal Rail-MG
Observación de aves en Royal Rail-MG

Hoje nossa aventura começa um dos lugares mais incríveis que já visitei. As 5:30 h da manhã, horário bom de esperar as aves acordarem, vi o sol nascer por detrás das montanhas em Tiradentes, Minas Gerais. Para começarmos nossa caminhada reunimos os itens básicos para um longo dia e observação de aves. Vendo as montanhas acordando eu não parava de pensar se conseguiria observar o meu querido Urubu-rei. Infelizmente não consegui. Mas fico feliz por ao menos ter tido esta possibilidade. Começamos o dia com o canto das seriemas (Cariama cristata) e o voo perfeito das andorinhas (Progne chalybea). Chegamos na Estação de Trem as oito, após ter parado por algumas vezes para observar as aves no caminho. Tiradentes, vilarejo antigo, com fundação no final do século XVII pelos portugueses que ali procuravam ouro e pedras preciosas. Nada mudou por lá desde então. O tempo não para, como já dizia a velha canção. Casas e igrejas antigas datadas de 1708...1720...e por ai vai. Por volta de 9:30 h fomos tomar um café pra aguentar a parada. Rapidamente saímos e corremos em direção ao chamado de um Caminheiro zumbidor (Anthus lutescens). No caminho nos deparamos com um casal de Maitacas (Pionus maximiliani). Resolvemos pegar um trem para a cidade mais próxima que é São João Del Rey.

Checando equipamento para o birdwatching

Estação de trem de Tiradentes

Viagem majestosa, que remonta o tempo do Brasil colônia. Distante 12 km de Tiradentes, percorremos as ruas e o centro histórico. As aves que mais nos chamaram atenção foi um Gavião de cauda branca (Geranoaetus albicaudatus) pairando no céu e um papagaio verdadeiro (Amazona aestiva) que dava o seu alarde solitário pelo céu em um horário tão incomum para essa espécie. São João Del Rey, com o nome de nosso primeiro Regente, foi fundada em 1704, é um lugar convidativo a observar aves. A estação de trem fundada pelo Imperador D. Pedro II é de onde partiríamos para nossa caminhada.

Maria Fumaça

Para mim esta é uma passarinhada de aspecto totalmente desconhecido da história da região mineira. Peguei-me pensando por diversos momentos se eu estaria de volta ao século XVIII... que engano! Ver o turbilhão de turistas e carros em meio às ruas construídas com o sangue dos escravos me fazia por acordar. Deveriam preservar o antigo sem a presença do novo. Enfim, conhecer todos os adventos desta história, veríamos pelo menos o dobro de cada espécie de aves que vi nesta caminhada. Mais um capítulo dos inúmeros “Deja vu” que tive nesta viagem. Saudosismo...ambientalismo...conservacionismo...quem sabe?

Aspécto de São João del Rey (Foto: Viaje aqui)

Observando aves em São João del Rey

De volta a Tiradentes, onde estávamos hospedados, logo no início da caminhada, tem-se a linda imagem da Maria fumaça manobrando no pátio para retornar a São João. Fizemos algumas paradas pra fotos, ou observar algumas aves. Começamos a nossa caminhada rumo ao centro histórico de Tiradentes pela ferrovia. Fizemos um trecho curto e não vimos muita coisa. Mas pudemos notar um grupo de Maracanãs (Ara maracana) que alardeavam em um alto eucalipto. Com a passada pesada pelas pedras irregulares, nossa caminhada se torna muito cansativa, mas vale a pena. Caminhar sobre elas nos traz uma nova visão sobre a natureza entrecortada pela cidade centenária. A caminhada era relativamente curta, cerca de 10 km² pela cidade no meio dos casarios, retornamos ao ponto de partida. Fomos batendo papo, tirando fotos, apreciando as diferentes paisagens que surgiam, as aves e outras tantas atrações. Algo que me chamou atenção nesta caminhada foi o silencio, somente interrompido pelo canto das aves e algumas pessoas que cruzavam por nós.

Aspécto da cidade de Tiradentes

Observando aves em Tiradentes

Lugar simples, muito bonito e que todos deveriam visitar pelo menos uma vez na vida. As cidades gêmeas, margeadas pelo Rio das Mortes, ficam num vale entre as montanhas. Ainda conseguimos um tempinho para observar um belo exemplar de Coragyps atratus descansando. Lá as horas vão passando e já era mais de 19 h da noite, pois ficamos bastante tempo em nossa contemplação. No dia seguinte aproveitamos para conhecer os locais históricos mais a fundo. A casa onde se reuniam os inconfidentes, a Câmara, as senzalas... e no fim do dia, fechamos com chave de ouro, tomando um belo chopp para recuperar as energias.